sexta-feira, 4 de junho de 2010

Linha de Passe (A brejeirice de quem não quer crescer)


Gosto de brincar com as palavras,
Desde pequeno é uma mania.
Desafiar as falas em uma lavra
Que faço com prazer e ousadia.

Gingo com o dizer em versos
E sou perverso no inverso do dizer
Sem temer todo e qualquer regresso
Que a vingança da palavra vai prover.

Chamo toda turma para travessura
Sou fugaz! Quanto mais, melhor!
Chamo o tempo e o sentimento com candura
E o barulho cada vez fica maior.

E brinco o tempo todo...
Brinco com o tempo todo...
Brinco todo tempo louco...
Tempo, tempo, tempo...louco...

Ainda chamo a imagem
Por vezes somos dupla contra os dois
Ela se prende à minha retina com coragem
Traduzimos o olhar do agora no depois

Quando o tempo vence é saudade
Se a palavra vence é dilema
Lembrança é na vitória da imagem
E a traquinagem do meu vencer é o poema.


4 comentários:

Flávio Morgado disse...

"Traduzimos o olhar do agora no depois." Cheguei a dizer em um verso, "a poesia já nasce eterna". Estamos mais uma vez a falar a mesma língua.
Um poema que conheci e gostei, vem buscando se aprimorar e a cada poema de um tempo pra cá isto vem ficando claro. Uma poesia que é eterna porque "Gosto de brincar com as palavras,Desde pequeno é uma mania.", antes de nós ela já estava aqui...
Aprimorando-se tem aumentado seu poder de captação.
Belo!

Rodrigo Braga disse...

Caro Flávio, fico grato pelos elogios, porém gostaria de fazer alguns adendos. O poema trata de uma relação com o que escrevo. Para mim escrever sempre foi uma espécie de brincadeira, sempre fiz por prazer e alguns poemas buscam entender o porquê disso. Eu me desafiava e deasafiava a palavra, nas letras de músicas, nos contos e na poesia. A frase que cita inicialmente no seu comentário não fala diretamente em imortalidade, fala de tradução de uma imagem e suas sensações em palavras. Nossa escrita é bem diferente. Não busco me aprimorar, passeio entre várias linguagens com liberdade, pois não sou poeta e se existe aprimoramento é inconsciente (graças à Deus!). Escrevo em qualquer lugar: em um resto de papel, no computador, no celular, no chão com um pedaço de tijolo, na palma da mão. Queria poder contar que só consigo escrever de madrugada, em um caderno ou em uma máquina de escrever manual, mas é mentira. Escrevo onde posso no momento em que capto uma idéia. Repetidamente percebo seu comentários de "como você melhora etc e tal", mas sinceramente prefiro que leia entrando na poesia e sentindo seus versos, pois só então terá uma análise profunda.

Abraços.

Flávio Morgado disse...

Então há aqui um erro, que aparentemente é meu: minha leitura. Se os versos foram citados, e minha apreensão foi nessa toada, então minha leitura não condiz com a realidade do poema. Mas então o poema tem realidade? O poema tem uma leitura pronta de substrato que eu deveria ter alcançado? Perdão mesmo, eu fui lê-lo achando que ele nascia em minha leitura.
Por outro lado, de fato vi algum amadurecimento no burilar das palavras, vi um poema diferente do habitual. Novamente devo ter errado pelo julgamento de "evolução". Da próxima vez, pergunto qual o sentido que devo tomar.

F.M.

Carol Sakurá disse...

Olá!
Está repleto de jogos de palavras,hein!
Lindo demais da conta!
A melhor arma é a imaginação!
Parabéns!
Bjs!