terça-feira, 29 de novembro de 2011

Poema Perfeito


Abri a porta entusiasmado
Mas não era você
Cheguei cheio de planos
Mas não era você
Abandonei as desventuras e os desenganos
Mas não era você
Tudo ao redor estava ao meu lado
Mas não era você
Um mundo milimetricamente perfeito
Mas não era você
Tudo respirava do meu jeito
Mas não era você
Fui do cinema mudo ao falado
Mas não era você
Tinha um sorriso meigo e apaixonado
Mas não era você
Olhos vibrantes e sonhos tantos
Mas não era você
Beleza e milhares de encantos
Mas não era você
Sonhei contigo e abracei algo ao lado
Mas não era você

O amor curiosamente deixara no apartamento
Tudo fora e nada dentro
Quase nada, pois ficara um tormento
Então atento
Abri a porta e a janela
E ouvi o aconselhamento
Do vento.
 

domingo, 20 de novembro de 2011

Corretivo



Sempre que sonho
Vem a realidade
Então apanho
  

 
 

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Morena dos olhos de jacarandá

Morena dos olhos de jacarandá
Onde andará o desejo por mim?
Na rua? No céu? A beira-mar?
Ou escondida em uma flor de jardim?

Morena dos olhos de jacarandá
Onde andará seus sonhos juvenis?
Na festa? Na gaveta? No bar?
Ou no seu corpo como a flor de lis?

Morena dos olhos de jacarandá
Onde andará o te fazer sorrir?
Em mim? Num gesto? Num olhar?
Ou no que está guardado no seu porvir?

Morena dos olhos de jacarandá
Morena dos olhos de jacarandá
Morena dos olhos de jacarandá
Morena dos olhos de jacarandá

Você para mim é céu, terra e mar

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Pra Navegar

Para navegar deve-se ter certeza
que o mar
Não é feito de certezas
Assim como é verdade que a verdade
é uma mentira
Nada além que um mero artifício da vida
Verdade
Mentira
Certeza
Incerteza
Ruim
Boa
Depende do que o capitão grita à proa

Como se pode ter certeza de algo no mar?
Já que o fim do corpo é dormir
E do Barco afundar

Afirmo:

Em todo o resto
Deriva
O incerto
Até aportar por lá

Por isso giro no meu mundo
E me viro
Com o que pintar
Tenho criações de desejos e nunca alimento as expectativas
Pois elas crescem E começam a machucar
Não sei como serão as ondas desse navegar
Mas sei afastar as certezas
Para ter muitas viagens antes
de
afundar

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Eu te amo, mas não muito

Eu te amo, mas não muito
Não quer dizer que não goste
Ou que quando te toque
Não seja maravilhoso e fortuito

Quer dizer que é como o mar
Que vai e vem movido pelo ar
Amar é a maré que tem somente a lua
Como sua sedutora condutora nua
Assim como meu coração
Que possui sua própria razão
Não é a da cabeça não
É uma espécie de oração
Que é a vida em canção
Que não se anula por conta de um refrão

Sem versos com clichês
Que se canta sem cachês
Sua melodia com ardor
Sem rimar amor com dor
Até sem rima e sem função
Talvez nem tenha um refrão
Mas que seja bom de cantar
É receber só por se dar

É que sem refrão se enxerga o coração
Então pode se amar de montão
Um amor saudável
Onde ser feliz é tão palpável

Desculpe, magoar não
Nunca foi minha intenção
Mas esse seu amor que é tão gigante
É maior que o maior elefante
É um fardo tão pesado
E já, já será passado
Não sei qual é o teu intuito
Mas saiba que te amo, mas não muito.

quinta-feira, 12 de maio de 2011

Senão

Senão

Você afirma que aquele verde é único
Eu digo que é o azul com amarelo
Vejo o quão brasileira é aquela canção
Diz que parece Elvis Costello
E grita que o melhor amor é o maior do mundo
Eu digo que esse amor é um inferno
Chamo-te para ao mar, dar um mergulho?
Sugere a areia, o sol de inverno.
Reclamas que o cachorro late muito
Admiro o ladrar que é tão singelo
Indagar a modernidade é meu discurso
E apontas a importância do progresso
Você contradiz a todos e a tudo
Eu não enxergo na unidade nada belo

No entanto quando o pranto não é tanto
Por vezes no amor o quanto mede-se nos entretantos
E amor tem que ter senão
A legislação é feita pelo porém
Amor, desordem e progresso com paixão
É um Comte para nós e mais ninguém.

terça-feira, 3 de maio de 2011

Antisofista

Antisofista

Não se deve entregar a alguém o direito de antecipar seu réquiem
Quem não precisa de ninguém precisa de todo mundo
E quem precisa de todo mundo não precisa de ninguém

Querendo chegar a algum lugar
Vá até lá
A pé ou de trem
Não dependa também
De pai, filho, espírito santo
Amém.
Não espere a aprovação, meu bem
Caso contrário será refém
De todo mundo
E todo mundo é ninguém.


                                      


quinta-feira, 14 de abril de 2011

Vaga-lume


Vaga-lume

Na Gávea vagueia o vaga-lume
Claro 
                      Escuro
Sim
Não
Vai
Volta
Não há revolta na peregrinação.
                   Será ele?
Será ela?
Será que vem à minha janela?
A luz reluz e conduz a retina
Meu olhar segue e persegue
A sina
Do brilho teu
E embora com pálpebras abertas
Ele pisca os olhos meus

E sua candura não cura minha loucura
Como atura minha procura?
Acho que vem de longe...
                                         De Gramacho?
De Benfica?
                Da Pavuna?
De um belo horizonte!
                                                                         Eu te perco
Eu te acho
               Hora em cima
               Hora em baixo
Dá um clic no mato!
E lá vai...

Vai achar tua vaga enquanto vagueia na Gávea
Vaga-lume
Que acho que um dia me acho
E encaixo lá no Baixo
O compasso do teu lume.