quarta-feira, 19 de maio de 2010

Tudo se condensa em um só ser


Tudo se condensa em um só ser
A lira caótica, o samba, o jazz
O funk carioca, a ciranda, o maculelê
A música de preto, música para viver
A viola, a sanfona, o ukulele
Música para pensar
Música para comer
Tudo se condensa em um só ser

Tudo se condensa em um só ser
Os filhos de Ghandi, Buda, um terço
A procissão católica, o ilê aiyê
O Cristo Positivo e a Bíblia Deprê
Nossa Senhora e Obaluaiê
Tem o Kardec para orar
Macumbinha para crer
Tudo se condensa em um só ser

Tudo se condensa em um só ser
A Lapa heróica, Leblon, a Penha
A Barra da Tijuca, o Colubandê
A Vila, a Tijuca, o Baixo Bebê
As cidades e as ruas neste sumiê
Todo e qualquer lugar
Cada olhar que meu olho pode ter
Tudo se condensa em um só ser

Tudo se condensa em um só ser
Os contos de Bukowski e a bandeira de Manuel
Um soneto para chorar ou um poema para fazer
O Cavaquinho para cantar e um Nelson para sofrer
Schopenhauer é jantar com Nietzsche debater
Platão e Sócrates para lembrar
Em um tempo nosso tão démodé
Tudo se condensa em um só ser

Tudo se condensa em um só ser
Um reclame, uma foto, um som
A Record, a Globo, o SBT
E toda nossa esdrúxula TV
Ou a Música que toca no CD
Aquele tambor que faz dançar
Aquilo que serviria para entreter
Tudo se condensa em um só ser

Tudo se condensa em um só ser
Um grande condomínio e uma pedra portuguesa
O Horror da política e o bar para beber
As despesas da vida ou a musa para querer
Quem escreve o poema e depois quem lê
E a mente que insiste sonhar
E a vida que insiste em bater
Tudo se condensa em um só ser


Todo ai
Todo pai
Todo cantar
Todo lugar
Tudo pensa
Tudo condensa
Tudo vejo
Tudo Beijo
Cada casal
Cada banal
Cada dilema
Cada Poema
O que jaz
O que faz
O que se vê
O que se crê
Todo tudo
Cada o que
Tudo se condensa em um só ser

9 comentários:

Carol Sakurá disse...

Tudo...tudo...tudo!
É a nossa miscelânea cultura...rs.
Bjs!

Priscila Villela disse...

Muito LEGAL mesmo.
Gostei muito da idéia e ao meu ver se enquadra na realidade de todas as pessoas.Tiro isso por mim mesma.
Bjoksss!!!

Thiago Nogueira disse...

Gostei muito! Um verdadeiro manifesto à unidade.

Duas coisas lhe ajudaram a angariar a minha simpática: a menção ao "velho tarado" e o fechamento, com chave de ouro, usando a música do Thelonious.

Claro, nenhuma delas diminui o seu mérito como escritor. Pelo contrário, elas só abrilhantam a sua obra!

Flávio Morgado disse...

Como já antecipado anteriormente, acho esse poema muito bom.
Gosto da aproximação com um poema mais fragmentário, mais trabalhado, mais pós-moderno (em idéia e forma). A discussão além de ecoar uma prece pela unidade, não deixa de expor o quão importante são as fragmentações, a "miscelânia" e tudo isso que fatalmente, queiramos ou não, iconoclastas ou não, pós-modernos ou não, acaba sempre se condensando em um só ser.
Parabéns!
Tamu aí, Fera do Baile!

F.M.

Batom e poesias disse...

Rodrigo
Um sambista que faz poemas e ouve jazz.

Um lindo poema cosmocêntrico, de compreensão de que tudo é parte do todo.
Você é mesmo surpreendente.

ADORO!!!!
bj
Rossana

Rodrigo Braga disse...

Agradeço pelos comentários, sou uma miscelânia mesmo Carol e como muito bem viu a Priscila, todos somos por mais que neguemos.
"Um manifesto a unidade" nem sei se é tudo isso, mas gostei muito Thiago. Lindo comentário do Poeta flávio. Escrevo Poeta com "P" maiúsculo e flávio com "f" minúsculo por ser mais poeta que flávio. E Rossana, fico honrado pelo comentário, pois vem de uma pessoa talentosíssima que escreve para um dos meus blogs preferidos o "Batom e Poesias".

Bjs no coração de todos!

Rodrigo G5 disse...

Acima de tudo este poema é inspirador. Um daqueles que nos faz começar a digitar sem parar... Parabéns!

Rodrigo Braga disse...

Ô Rodrigo!!! Também é um prazer! Vc que defende a bandeira do samba em seu blog e na sua vida.

Abs!!!

Claudio Renato disse...

Um poema moderno, no bom sentido!