Quero agora um novo mundo
Um mundo de possibilidades
Como mergulhar no mar profundo
Ou plainar sobre todas as paisagens
Viajar sem dinheiro e sem passagem
Quero aquilo que nem pensava que existia
Impedir-me de algo será meu flagelo
Soltar-me ao mundo será minha alegria
Com o espírito cada vez mais singelo
Sorrir é tudo que espero
Quero extrapolar todos os limites
Dizer não à palavra que faz mal
Fora à letra que restringe
Quero abstração total
Quero apenas música instrumental
Quero o fim de todas as barreiras
Da minha labuta que é minha desdita
Para a mente adejar afora às cercas
Perdendo-se para se achar a cada esquina
Nunca se finda o plano de ir mais longe ainda
Quero inclusive plainar contigo
Desde que respeite a liberdade
Seremos penas cujo lirismo beija o bico
Muito além da mentira e da verdade
Para isso é preciso reciprocidade
Quero querer tudo que não quero
Não o que não quero por ojeriza banal
Quero o bolero rasgado pelo violoncelo
Sem letra para abstração total
Minha música pode até ter letra
Mas minha cabeça é música instrumental
3 comentários:
O velho chavão de que "a dor do poeta não interessa a ninguém, a não ser que bem escrita", é contudo uma verdade, batida, mas que serve de parâmetro para que aqui eu possa dizer que o que li é poesia. Poesia que grita nas rimas calculdas, poesia que expõe o poeta lendo o leitor, poesia de quem não precisa se afastar da música para "canonizar-se" num poema.
Quanto ao vídeo, só me restou uma saudade imensa de Brás de Pina, lembrei do Clóves, lembrei da Igreja, da tamarineira. Perfeito: seu melhor poema com sua melhor herança, afinal, não há poesia sem lembrança.
F.M.
Desejos, trabalho, casamento, versatilidade, o poema fala de tudo. Até de música.
Parabéns
Ciro
Lindo!
Acordes dissonantes são as notas do meu coração.
Beijos!
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