terça-feira, 2 de março de 2010

Poema do Artista




"Toda verdade passa por três estágios.
No primeiro, ela é ridicularizada.
No segundo, é rejeitada com violência.
No terceiro, é aceita como evidente por si própria."
 

Arthur Shopenhauer


 
Vou fazer um poema dos mais lindos versos
Para invadir a cuca de um povo que não conhece sua literatura
Vou fundir com os padrões vistos e revistos
Serei pedra e vidraça
Do que eu faço sentirão nojo depois admiração
Com pompas receberei soberba nomenclatura: ARTISTA

Com tudo e nada contra ao “substantivo-adjetivo”
Terei eu que ser um cara esquisito, estranho, esnobe ou prostituído?

É aí que passo a escrever em prosa adular a rosa em cada esquina
Largo a mão de versos fortes, olho ao norte e remo em rumo da rima
Quem disse que quero a fama da tela das telenovelas da hora do jantar
O que mais quero é a cama mais bela e eu e ela na capela lacrimejando ao altar
Ver São Jorge na lua, levar viola pra rua e todo mundo cantar
Artista é ser a bravata do ingresso do cambista

Só vale muito até o show começar.

3 comentários:

Flávio Morgado disse...

Um postagem necessária e boa. Mas devo ressaltar sua necessidade, só os que estão começando saberão o valor desse brado. E também só a experiência, talvez, nos dê a capacidade de reconhecer que não importa o quanto nos machucamos, que o que devemos fazer é melhorar, buscar o aprimoramento, pois só assim, mais tarde, talvez até despojado da vida, o povo nos carregue, é com o leitor nosso tratado. E quem antes torcia nariz, amanhã é o mesmo que nos canonizará, e não sei o que é pior.
E bela frase de Schopenhauer, sempre brilhante e sucinto.

F.M.

Rodrigo Braga disse...

É flávio, mas acho que a arte se perde quando o produtor dessa arte passa a buscar o glamour em vez da própria arte. O artista de fato produz pelo fato de nele existir uma necessidade inerente se vai chegar em algum lugar ou não. É muito bom ser reconhecido e respeitado pelo seu trabalho, mas não falo disso, falo da busca desenfreada pelos holofotes que para mim é um tanto quanto nojento.

Carol Sakurá disse...

Belíssimo!
O artista tem o dom da subversão!
Abs!