segunda-feira, 5 de julho de 2010

Essas coisas



É impressionante como ainda me perguntam: “Por que fazer poesias?” Não estaria mais na idade dessas coisas. Talvez por isso o livro que estou finalizando tem o tema relacionado a isso. Seguindo as postagens para homenagear os meus mestres vai um poema que me marcou muito. Drummond como é fundamental para mim nos encanta respondendo a toda essa turma. Diga a eles professor:




Essas Coisas
 
"Você não está mais na idade
de sofrer por essas coisas."

Há então a idade de sofrer
e a de não sofrer mais
por essas, essas coisas?

As coisas só deviam acontecer
para fazer sofrer
na idade própria de sofrer?

Ou não se devia sofrer
pelas coisas que causam sofrimento
pois vieram fora de hora, e a hora é calma?

E se não estou mais na idade de sofrer
é porque estou morto, e morto
é a idade de não sentir as coisas, essas coisas?

Carlos Drummond de Andrade, in 'As Impurezas do Branco'
 

4 comentários:

Flávio Morgado disse...

Quando a idéia de homenagens foi lançada, eu já tinha dito que achei formidável. No entanto, uma homenagem não seria perfeita se fossem postagens de "chavões" da grande literatura brasileira. Não faria sentido postar aqui um "Soneto de Fidelidade", um "No meio do caminho"...não que eles não sejam importantes, eles são indispensáveis. Porém, trazer Drummond para seu universo, para um conselho, para sua vida, ficou muito bom!
E o melhor, não perdendo a importância que o blog tem com os leitores, eu me identifiquei muito.
Drummond talvez seja o grande poeta que o Brasil sempre esperou, aquele preconizado por João Cabral: que devia ter a disciplina dele e o talento de Vinícius de Moraes. Odeio critérios comparativos, e acho inútil quando se trata de literatura, mas Drummond burila as palavras e trata os sentimentos com uma simplicidade inigualável. Ler Drummond leva a crer: ser simples é que é difícil, e que é maravilhoso!
Sugiro como complemento a outrso leitores também a obra "Procura da poesia", lá entenderão a grandiosidade deste itabirano.

F.M.

Batom e poesias disse...

Rodrigo, as sincronicidades são mesmo inexplicáveis.
Eu não conhecia "Procura da poesia" e no entanto você me presenteia com esses vídeos que tem tudo a ver com a minha "Busca".

Eu? Feliz de tudo!
bjs

Zélia Guardiano disse...

Show! Show! Show!
Demais, amigo Rodrigo!
E faço minhas as palavras do Flavio, que entendeu perfeitamente o espírito da coisa...Estou com ele...
Você soube perfeitamente fazer a escolha mais feliz ...
Enorme abraço, meu querido!

Rodrigo Braga disse...

Lindo comentário Flávio! Como dizia o nome de uma boate antiga aqui do Rio: Espírito da coisa. Essas sincronicidades rossana nos fazem ver que cada vez menos temos certezas e somos cada vez mais guiados pelo acaso. Zélia, te devolvo o abraço agradecendo sua visita. Nunca é demais lembrar as páginas lindas desse país e drummond é um capítulo inteiro!