terça-feira, 29 de dezembro de 2009


Caros amigos e leitores coincidência ou não no final de 2009 cerca de oito pessoas me pararam preocupadas com meu “Blog de Poesias”. Não posso dizer que fiquei puto, pois puto não é a palavra apropriada, deveria se criar um novo verbete para minha sensação. Esse blog é livre para que eu possa publicar letras de musicas, letras sem musicas, pensamentos, crônicas e até poemas. Não sou poeta e por mais que goste escrever versos, acho a poesia atual cópia da cópia da cópia dos verdadeiros mestres. O pior é que normalmente são cópias mal feitas. Passeio pelas livrarias, compro uma coisa ou outra, vejo na net e pouquíssimas coisas salvam. A poesia já não atinge o grande público, pois tem como um dos motivos o fato de viver do que já foi feito. É fato que não falo de mestres como Ferreira Gullar, falo justamente da uma geração que se acha muito criativa e infelizmente está brincando de Vinícius de Moraes. Antes que me atirem pedras quero dizer que existe ainda quem se salve da mesmice, mas é agulha no palheiro.


Peguei nas cordas do meu cavaquinho e fui lhe fazer um carinho
Cantarolei uma doce melodia e você me disse que era linda poesia
Foi então que vi nada entendia pois os meus versos eram de ironia
E a música arrumava um jeitinho de desmanchar todo seu versinho

Expliquei e então torceu o nariz no refrão porque havia um sujo palavrão
E disse que toda aquela parte antes bela estava lhe parecendo uma merda
E com uma seta rabiscou dando um alerta para o que seria a coisa certa
As dissonâncias assim se vão e se não for pra criar confusão...
Para que compor então?

4 comentários:

Ribeiro Pedreira disse...

Caro Rodrigo, não se esqueça que a poesia é uma arte e como tal está sujeita às cópias das quais você se refere. E isso acontece também com a música, as artes plásticas, o cinema, a novela (romances), os contos etc. Tudo tem parecido mera cópia do que se fez de destaque no passado/presente. O samba, por exemplo, é um gênero musical que tem sido maltratado pelos novos compositores. Virou pagode romântico e o chamado "pagodão" que se faz aqui na Bahia (sem comentários). Mas ainda há mestres como Paulinho da Viola e Riachão, que seguram essa peteca, além de uns poucos outros grandes nomes e anônimos como Roberto Mendes (ícone do samba-chula, anônimo apenas para o grande público) e Márcio Valverde, ambos da minha cidade (Santo Amaro), só para citar os que eu conheço. Por falar em grande público, digo que se a poesia já não o atinge é porque as pessoas não querem mais raciocinar, perceber as entrelinhas, aliás, o grande público não quer nem ler.
Por isso, tenho certeza que seu samba é infinitamente superior ao pagode de BELO (e olhe que não conheço o seu trabalho, mas arrisco dizer sem medo de errar) mas vá saber da massa qual dos dois é o melhor.
Se a poesia só tivessse vivendo do que já foi feito, as pessoas estariam consumindo avidamente Drummond, Bandeira, Quintana e tantos outros mais novos e mais antigos, mas também esses permanecem literalmente entregues às traças.
Um Grande abraço, meu caro. Feliz 2010!!!

Flávio Morgado disse...

Em partes importantes, concordo com meu amigo Ribeiro Pedreira (cabe ressaltar, um poeta experiente e bom). Não vejo na produção atual um conjunto de cópias, imitações baratas ou mesmices. Pois se tivéssemos, acho que seria melhor do que más influências. Há uma abissal diferença entre influência (referências) e cópia. E acredito ser impossível copiar um poema, algo tão pessoal, tão subjetivo, cada expressão tão individual.
Essa discussão já perpassa anos e anos, e continuamos a louvar os vencedores, acho que se tem uma prposta melhor: que a mostre! Faça e divulgue. Não critico um "pagode romântico" ou algo do gênero, não são cópias, são influenciados por um samba antigo e são diferentes. Cada um fala sua verdade, e acredito ser ela única, no máximo pode-se corroborar, e então vamos dialogar com quem já se imortalizou, vamos ouvir, vamos reler, vamos aprender, vamos digerir!
Um dia ouvi um conselho e guardo pra sempre: Porque se acha um iconoclasta?? Como destruir estátuas, se ao menos construiu a sua! Mantenho a visão humilde sobre os poemas dos outros, desde então!
Um abração, meu amigo!

F.M.

Rodrigo Braga disse...

Que os bons poetas nunca joguem a toalha! Que continuem trabalhando para o bem da arte. Não pretendia de forma nenhuma no texto falar deles e sim de quem em vez de beber da inspiração bebe da arrogância de um ego gigante que se abriga em alma pequena.

Claudio Renato disse...

Rodrigo,

concordo com você.

Passei a noite de Natal em companhia de uma senhora poetisa, Sandra Quintella, que, na casa dos 60 anos, mantem a paixão comovente pelas palavras e a adoração pelos mestres. O Carlos Drummond Andrade, por exemplo. Ela tem (e me apresentou) um exemplar raríssimo das obras completar de CDA, capa dura, alto relevo, ilustrada por Marcier, com um invejável autógrafo em que o poeta diz ter a honra de contar com uma leitora privilegiada como Sandra. Se você consultar as edições antigas do Aurelião, lerá, na apresentação, um texto de CDA em que ele conta, do alto dos 80 anos, que a mais sábia providência daqueles que pretendem mexer com verso e literatura é a consulta de bons dicionários, principalmente os etimológicos. É preciso antes de escrever ler muito, muito mesmo! Ninguém corre sem, antes, aprender a engatinhar.

Um abraço

CR