domingo, 14 de fevereiro de 2010

“Varium et mutabile"

A diferença é algo fundamental e é muito bom que exista. Muitas pessoas não sabem conviver com ela e talvez o que eu acho pior, não conseguem admirá-la. Dedico esta postagem a todos que têm opinião forte. Certos ou errados (embora sejam palavras curiosas) pensam e se posicionam. Cresci com minha mãe me incentivando a pensar e buscar um olhar meu, mesmo que desagradasse a maioria das pessoas. Vivemos uma época com uma igualdade burra onde todos têm que concordar com tudo. Quando a pessoa tem um olhar pessoal, uma idéia na contramão do senso comum logo vira o “chato”. Tom Zé disse certa vez que tudo que é bom está no passado e é verdade, pois o futuro se mostra cada vez menos capaz de ousar. Estamos ficando caretas em uma unidade intelectual que nos levará a mediocridade.
Dedico esta postagem aos resistentes Claudio Renato, Professor Hélio, Priscila Vilela e em outro prisma para Thiago Nogueira e Enéas Jalles.

“Varium et mutabile"-(Coisa)inconstante e mutável - Palavras de Vigílio(Eneida,IV, 569), aplicadas por mercúrio à fama, para fazer Enéias deixar Cartago, onde prendia o amor de Dido.

“Varium et mutabile"

Eu que nasci do samba e honro o sangue dos meus ancestrais
Eu que sou filho de bamba e respeito a fama dos meus Pais
Eu que sou de tamanha força vindo da moça e do algo mais
Eu que escrevi minha história juntando a bola com papel e lápis
Eu sou um novo quilombola aprendi na escola a quebrar grilhões formais
Não me venha autuar, julgar e condenar pelo que imagina que eu possa ser
Pois minha trajetória me fez uma coisa nova que ainda não consegue descrever
Tenho tato e sinto tudo cada vez mais com os meus anos
Meio branco, preto e mulato com opinião forte tipo Caetano
O que digo e penso não espero ser politicamente correto
Em um mundo torto todo mundo pensa estar certo
Tudo que escrevo agora poderá ser lido amanhã de cabeça virada
Minha mente pulsa e se renova a cada madrugada



...estamos perdidos na mata andando em círculos...

8 comentários:

Claudio Renato disse...

Bravo, Rodrigo!

Obrigado pela referência. Agora, se é arido pregar no deserto, é necessário que tenhamos base, solidez, convicção nessa pregação!

Abraço!

O Neto do Herculano disse...

Compreender as diferenças
é noçao básica numa sociedade moderna.

Flávio Morgado disse...

Faço um diálogo com o comentário de Cláudio Renato. Não basta só pregar, ser um folclórico, isso é fácil, issó é ser um Wagner Montes, um Datena. Tem que saber construir seus argumentos, saber pensar da maneira polêmica, que talvez para a cabeça que o têm, não seja tão polêmico, seja comum, seja apenas conclusivo. O que me assombra, assim como a falta de criatividade, é a incompreensão em detrimento do folclore. Opiniões devem divergir, mas como já dito, de forma coesa, com bases. Gritos não adiantam. Por essas e outras que discordo várias vezes de Caetano Veloso, que usa de sua estátua para se fazer um iconoclasta tosco, muitas vezes sem argumento. Qual a importância de um presidente ser cafona?? Ele é a Glória Kalil?? Porque chamar o Catra e o Mv Bill de novo movimento da MPB, chamá-los de compositores geniais?? Quer polêmica, quer mídia??
Prefiro manter minhas opiniões, baseadas na compreensão, no ato de escutar, muito mais que falar. Hoje em dia, ouvir o outro já é muito polêmico, entendê-lo, impossível!

Rodrigo Braga disse...

O mais importante da obra é o tema. Acho muito legal quando o tema gera reflexão e debates. Como escrevi, mais que certo ou errado o importante é a tolerância e a coragem de fugir do senso comum. Gostei do comentário do HNeto, suscinto e profundo.

Paulo Medeiros disse...

...e viva o samba!

Priscila Villela disse...

Agradeço pela referência e faço minhas suas palavras.
bjus!!!

Anônimo disse...

Este blog tem um "q" de especial: é feito por um autêntico suburbano e amante da boa música, o bom praça, Rodrigo Braga.

Rodrigo, penso que tu foste muito feliz ao empregar o adjetivo suburbano ao samba, porque, além de desvinculá-lo do já estigmatizado sentido originário da palavra ("sub-urbano": abaixo da urbanidade), pôs em voga, trazendo para o centro da informação, o que nossa região sempre teve de melhor a oferecer. Tal iniciativa, meu caro, deve ser louvada, e, por isso, venho aqui lhe dar meus parabéns!
Que o samba suburbano, elemento fundamental da identidade do carioca, seja aqui exposto na sua melhor acepção por muito e muito anos!
Um grande abraço.
Raffaello.

Rodrigo Braga disse...

Sem pieguices, fiquei honrado com o comentário Rafaello!