domingo, 21 de fevereiro de 2010

Soneto às avessas








Ninguém deve amar um poeta agora
Se amar é saciar a sede da alma
Impossível beber em um copo que transborda

O sentimento só tem valia se nos faz bem
Ninguém quer se afogar onde o rio deságua
Impossível então amar esse alguém

Impossível é viver nessa entropia
Possível é admirar o caos
Impossível é querer amar um dia
Quem escreve sobre o bem e o mal

Não quero ser esse poeta da solidão
Não quero ser poeta da forma que escuta
Se quiser me nomear poeta então
Que eu seja o escritor filho da puta
Postagem com um sabor especial pela presença dessa deliciosa parceria de Elton Medeiros com Tom Zé  executada maravilhosamente por esse monte de craques que só nossa música poderia produzir.
Obs: Zélia, queremos mais!

4 comentários:

Flávio Morgado disse...

Gosto muito desse poema, por vários motivos: o primeiro, é que ele responde a um poema meu chamado "Quem há de amar um poeta", mais uma de nossas conversas entre-linhas construída para nossa futura e "ainda de pé" peça. Depois o admiro muito pela forma como foi construída, tudo em seu sentido contrário, tanto a idéia, quanto a poética e até a forma tradicional de soneto. Lembro até hoje, quando depois que vi você escrevê-lo, li, reli, e percebi que tudo estava de ponta cabeça, e o fato de vir seguido de 2 tercetos e 2 quartetos (e não 2 quartetos e 2 tercetos), valeu-me o brado: Istó é um soneto às avessas! Que mais tarde, brilhantemente, você construíu toda uma idéia às avessas, até ao escolher um palavrão, acaba por colocar o poema às avessas de uma amor casto, de um escritor puritano, de um poeta da clausura, do romantismo piegas. E é isso aí: se for pra amar um poeta, ame o mais avesso!
Parabéns, Rodrigo, tá muito bom!

F.M.

Rodrigo Braga disse...

Boas lembranças! Na verdade não foi uma resposta, foi um diálogo da peça em que um personagem se manifestava através de seu poema e o outro dialogava através deste. Abraço!!!

Claudio Renato disse...

Que bom, Rodrigo, que o Samba Suburbano está entre os melhores blogues. Muito legal mesmo! Com relação ao soneto às avessas: ninguém quer tomar mingau pelando. Por isso às vezes é melhor espargir sobre ele canela em pó e colocá-lo um pouquinho na geladeira.

Abraço!

Unknown disse...

Olá! Parabéns pelo seu blog. Gostei muito! Salvei um link do seu blog no meu blog.
Faz uma visita!!! Segue lá! Super bjo.