segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Grandes nomes do samba (Parte 1)- Candeia


Começo a fazer uma coisa nova no blog, falar de um mestre do samba. Após uma deliciosa conversa com amigos em um final de tarde no coração de Vila Isabel resolvi iniciar e começo logo com Candeia. Aguardem pois no decorrer desse ano falarei de outros Bambas.

Não conheci Candeia pessoalmente, conheci e conheço muitos amigos dele além de sua formidável obra. Não sei se Candeia foi mais que um sambista, acho que ele foi tudo que um sambista tem que ser. Candeia para muitos foi uma espécie de elo entre o Rio e uma africanidade perdida, o que é um engano comum apenas para uma turma que insiste em viver em um Rio que é de uma minoria. Candeia foi o espelho de um tipo de gente comum que mora nessa cidade dita por muitos como maravilhosa. Cartola foi lírico, Geraldo Pereira cheio malemolência e de malandragem! Outro Geraldo o “Babão” era mestre do partido assim como Aniceto que tinha uma negritude exarcebada. Cada grande mestre tinha suas características...Nelson Cavaquinho, Padeirinho, Paulo da Portela, João da Gente, Xangô...Acontece que o Candeia tinha todas. Numa canção vinha cheio de malandragem improvisando versos em outra abusava do lirismo semeando poesia em notas perfeitas. Não se pode ignorar ainda pontos de candomblé, chulas, afoxés entre tantas pérolas. Candeia foi um mestre ou muitos mestres em um homem! Sua vida é um capítulo a parte, aliás pode se dividir entre 3 capítulos: primeiro jovem sambista, depois policial e por último o mestre do samba que não se deixou ficar preso em uma cadeira. Questionou injustiças sociais e defendeu o samba na essência. Brigou contra os caminhos por onde as escolas de samba resolveram seguir e virou lenda. Protestou com dignidade deixou uma obra marcada por tudo que há de melhor nesse ritmo que tem a nossa cara. Indico a todos o LP “Os quatro grandes do samba”, uma aula da parte “P” da MPB. O título pode parecer arrogante para um leigo, mas um disco onde os quatro são Candeia, Nelson Cavaquinho, Elton Medeiros e Guilherme de Brito não poderia ter outro nome (E uma ilustre paricipação especial de Dona Yvone na faixa “sou mais o samba”).





Dia de Graça
(Candeia)

Hoje é manhã de carnaval (ao esplendor)
As escolas vão desfilar (garbosamente)
Aquela gente de cor com a imponência de um rei, vai pisar na passarela (salve a Portela)
Vamos esquecer os desenganos (que passamos)
Viver alegria que sonhamos (durante o ano)
Damos o nosso coração, alegria e amor a todos sem distinção de cor
Mas depois da ilusão, coitado
Negro volta ao humilde barracão
Negro acorda é hora de acordar
Não negue a raça
Torne toda manhã dia de graça
Negro não se humilhe nem humilhe a ninguém
Todas as raças já foram escravas também
E deixa de ser rei só na folia e faça da sua Maria uma rainha todos os dias
E cante o samba na universidade
E verás que seu filho será príncipe de verdade
Aí então jamais tu voltarás ao barracão



5 comentários:

Flávio Morgado disse...

O Partido Alto realmente traz com ele a autenticidade de um samba debochado, que por hora pode ser agressivo, mas que sempre mantém-se fiel à realidade do sambista.
Boa postagem, só senti falta do bom texto, mas entendo que também com tal vídeo, o texto seria apenas um adorno. Mas gostaria de saber mais sobre sua opinião em relação ao samba carioca! Espero, portanto!
Parabéns, e viva o Partido Alto, viva Candeia, viva o Rio de Janeiro!

Anônimo disse...

Meu filhofiquei feliz em conhecer esse seu jornalzinho descupe a dificudade de comunicar pois ainda estou aprendedo a usar com o miguel continue trabalhando e compondo suas bonitas canções os joves oje nem comnheci direito candeia. o nosso samba precisa de gente como voce

waldir

Rodrigo Braga disse...

Obrigado Waldir!!! Vc é um mestre e uma lenda viva do nosso Samba! Obrigado Flávio tbm que comentou os vídeos antes que eu fizesse a postagem do texto! Isso é que é estar antenado so Samba Suburbano!

Fico honrado com as ilustres visitas!

Claudio Renato disse...

Pensava - penso - em escrever um texto sobre esse vídeo em que aparece Candeia, desde o fim do ano passado. E mais importante que o Candeia, o Tantinho, o Paulinho, são dois personagens inanimados na roda: o prato e a faca. Um dia me explico melhor.

Abração, Rodrigo!

Priscila Villela disse...

Antônio CANDEIA Filho...dispensa comentários!!!
bjo!!!