sábado, 22 de março de 2014

O Lenço

Mergulhamos no mar de amor
Estrelas que nada sabem do mar
Dançarinos felizes que não sabem bailar
Marinheiros que mal sabem nadar
Grumetes felizes que cozinham omeletes enquanto criam raízes

Mas a vida trata de ser vida
E não tarda a primeira despedida

Mas o que é a vida senão uma sucessão de despedidas?
Escolas
Cursos
Supermercados
Repartições
Lojas
Hospitais
Cemitérios
Nos despedimos de todos os empregos com charme ou truculência
Deixamos uma língua inteira para trás
Gestos
Palavras
Trema
Chapéus
Roupas
Gírias
Tendências
Sempre com descrição ou eloquência
E entre beijos e acenos seguem barcos no horizonte desaparecendo
Aeroportos
Rodoviárias
Festas
Velórios
Bairros
Cidades
Pessoas
Tudo segue como se fosse em frente
Relações criam almas
Quem penam na hora do adeus
Alimentam-se de lágrimas calmas
E vez por outra assombram os seus


Quer algo no firmamento
Que tudo esteja em movimento
Qualquer coisa traz das mãos abanadas o seu vento
Qualquer cor
Qualquer som
Qualquer letra
Qualquer tom
Qualquer bar
Qualquer mesa
Alguém sabe o nome dessa música? 
Ninguém volta ileso da sua viagem
Só a arte é sabe entrar e sair de qualquer parte

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