quinta-feira, 14 de abril de 2011

Vaga-lume


Vaga-lume

Na Gávea vagueia o vaga-lume
Claro 
                      Escuro
Sim
Não
Vai
Volta
Não há revolta na peregrinação.
                   Será ele?
Será ela?
Será que vem à minha janela?
A luz reluz e conduz a retina
Meu olhar segue e persegue
A sina
Do brilho teu
E embora com pálpebras abertas
Ele pisca os olhos meus

E sua candura não cura minha loucura
Como atura minha procura?
Acho que vem de longe...
                                         De Gramacho?
De Benfica?
                Da Pavuna?
De um belo horizonte!
                                                                         Eu te perco
Eu te acho
               Hora em cima
               Hora em baixo
Dá um clic no mato!
E lá vai...

Vai achar tua vaga enquanto vagueia na Gávea
Vaga-lume
Que acho que um dia me acho
E encaixo lá no Baixo
O compasso do teu lume.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

O velho


O velho
Ontem como um raio de sol
Eu vi um idoso sorrindo
No fim dos meus 33 anos
Eu vi um idoso sorrindo
Pensei na vida quando
Eu vi um idoso sorrindo
Não vi o velho com uma flor
Eu vi um idoso sorrindo

E ele me fez pensar
Que o tempo está partindo
Partir é o ofício do tempo
E o idoso reluzia sorrindo
E alguns se entristecem com o tempo
Que o tempo está partindo
Amigos se enforcando com gravatas
E o idoso reluzia sorrindo

Pessoas vendem seu coração
Pessoas jantam em frente à televisão
Pessoas fazem do casamento uma prisão
Pessoas vivem para arranjar seu milhão
Pessoas aplaudem o seu vilão
Pessoas discutem para ter razão
E ontem como um raio de sol
Eu vi um idoso sorrindo

Ele deixava
O tempo inventivo
Cheio de graça
Sabia que mais uma vez
Ele estava partindo.