quinta-feira, 17 de março de 2011

O Exílio


Minha meninice foi no interior
É na cidade grande que hoje me mato
Minha infância foi no verde
Todo verde para cidade grande é mato

Todos brincavam no rio
Todos se banhavam no açude
Todo luar era lindo
Todo Pai era rude

Brincar de corrida
Bodega para ir
A pé
Árvore para subir
E fruta comida
No pé

Milho para a galinha
Na terra o cheiro da chuvinha
Pega-pega
Esconde-esconde
Escondeu-se onde? Escondeu-se onde?
Minha doce quimera
Tudo foi feliz
Tudo em meu país

Voltei a minha infância
Encontrei a realidade em vez de criança
Não havia o rio, havia mato
Havia o povo todo conectado 
Eu enxergava sofrimento
Crianças namorando em sites de relacionamento
E muito mato
Não havia mais verde para mim
Só mato

Não era meu lar
Não era minha meninice
Não fui me lamentar
Não fui ficar triste
Tudo que eu sonhara estava vivo em mim
E não naquela superfície

Hoje eu voltei à cidade
Onde a vida me fez exilado
Hoje a minha verdade
É que todo verde é mato

4 comentários:

Franck disse...

O texto-poema me fez voltar a minha infância: pés no chão, cara melada, banhos de rio...
Abçs*

Rodrigo Braga disse...

Obrigado pela visita Franck. O tempo é uma ilusão e toda lembrança nos prova isso.

Anônimo disse...

Simplesmente lindo e tocante!

Beijo.

Rodrigo Braga disse...

Obrigado Lara, vindo de você é muito especial.