quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

O Anjo da Rua Taylor


A vida não segue a mesma
No meio do esgoto há cheiro de cereja
Há crianças na escola, há senhoras na igreja
No candomblé as obrigações pontualmente foram feitas

Tem muita força e cauda de sereia
É um novo ser mágico e altaneiro
Não é mais homem ou mulher
É o anjo da Rua Taylor!

Tem a tia Glória doente
Tem toda a família carente
Glória a estrela cadente
Trabalha e ajuda toda gente

Tem muita força e cauda de sereia
É um novo ser mágico e altaneiro
Não é mais homem ou mulher
É o anjo da Rua Taylor!


Tem Samba no Beco do Rato, tem Choro no bar e na lama
Tem maconha entocada na gata, tem festa fim de semana
Tem arrego no bolso do guarda, tem anjo no carro bacana

É mais que pós-moderna sua contemporaneidade
É o underground celestial em pleno Rio de Janeiro
É Madame Satã que revive com autoridade
É o anjo da Rua Taylor!


quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

2 Anos de Samba Suburbano - Postagem de Aniversário

A “IEMANJÁ” DA PROPAGANDA E A NOSSA IEMANJÁ
(Texto do grande Nei Lopes)

“Na segunda semana de dezembro, foi veiculada a campanha de Réveillon da Duloren. As peças, assinadas pela Agnelo Pacheco, fazem referência às oferendas feitas à Iemanjá na virada do ano e têm como objetivo levar às consumidoras o clima de esperança e renovação característicos da data.

“Nas imagens, a modelo aparecerá usando calcinhas e sutiãs da linha Good Luck, criada exclusivamente para as festas de Réveillon. A nova campanha será veiculada na mídia impressa e em mais de 20 mil pontos de venda espalhados pelo País”.

A informação acima, com a foto anexa, está na internet.

Leia então, caro visitante, a informação abaixo e depois conclua conosco:

IEMANJÁ. Orixá feminino das águas salgadas, símbolo da maternidade, vibrando nas cores azul e branco e simbolicamente materializada em um conjunto de sete pedras do mar. Em Cuba (Yemayá) é associada à Vírgen De Regla. No Brasil, é celebrada, no candomblé, a 2 de fevereiro, dia consagrado a Nossa Senhora das Candeias. Nesse dia, na Bahia, no bairro litorâneo do Rio Vermelho, em Salvador, realiza-se, no mar, com grande afluência de fiéis, a cerimônia do “Presente das Águas” ou “Presente de Iemanjá”, instituída na década de 1920, por iniciativa de pescadores locais e sob a orientação da mãe-de-santo Júlia Bugan.

Seu culto tem origem entre o povo Egbá, habitante do centro-sul do país iorubá. Filha de Olocum, divindade do mar, Iemanjá é o gênio tutelar do rio Ogum (Ògún), que passa pela cidade de ABEOCUTÁ e desemboca em frente a Lagos, antiga capital nigeriana. Segundo os mitos, essa divindade nasceu perto da cidade de Bidá, no território do povo Nupê, e mudou-se para Oió, onde casou com Oraniã e deu à luz Xangô. Seu símbolo é um colar de contas de vidro, cristalinas como água. No Brasil, segundo Pierre Verger, são conhecidas as seguintes qualidades de Iemanjá: Assabá, que é manca e está sempre fiando algodão; Assessu, muito voluntariosa e respeitável; Euá ; Iamassê, mãe de Xangô; Iemouô, mulher de Oxalá; Olossá, que é também o nome de uma lagoa em território iorubano ; e Ogunté, casada com Ogum Alabedé. No BATUQUE gaúcho, segundo algumas antigas tradições, Iemanjá manifesta-se ou manifestava-se através das seguintes qualidades: Iemanjá Bocí, Iemanjá Bomi e Nana Borocum. No Haiti, associam-se a este grande orixá feminino os luás Grande Erzili (Erzulie), Maitresse Erzili, Agoué, Grand Erzilie, Erzilie Freda. Na República Dominicana, seus correspondentes são Metre Silí e Agué Toroyo. Em Trinidad-Tobago, Iemanjá recebe o nome de Emanjah ou Amanjah; e tem como suas manifestações Ajajá e Mahadoo. (cf. Nei Lopes, Dicionário, em elaboração).


***

Viu só, caro visitante?

O publicitário criador da campanha ouviu o galo cantar, mas não sabe onde. Então, deixamos aqui registrada uma advertência feita pelo saudoso etnólogo Nunes Pereira, no livro A Casa das Minas, edição de 1979:

“As divindades naturais da África (...) são sóbrias, polidas, convenientes. Mas quando castigam, lembram certas forças naturais que individualizam: são violentas, implacáveis, tremendas”.

É com muito orgulho que este blog faz aniversário no dia em que se comemora (principalmente na Bahia) o dia dessa divindade maravilhosa que todos reconhecem. A energia presente na natureza que facilmente sentimos quando estamos em contato é nada mais nada menos o que as religiões antes africanas e já brasileiras chamam de orixás. Cada um dará o nome que achar mais conveniente (Divino Espírito Santo, Mãe Natureza etc.) isso é o que menos importa, tudo depende do ponto de vista e “Todo ponto de vista é a vista de um ponto” (Boff, Leonardo-A Águia e a Galinha. Petrópolis: Vozes, 1998, 14ª edição).
         Portanto, aproveite mais e mais aqueles momentos mágicos quando se está olhando para o mar e se sente amparado. Lembre de agradecer a Oludumare e a Iemanjá. Mas, caso resolva a agradecer a Deus e ao mar, pode ter certeza que estará fazendo o mesmo.



Filho do Mar
(Rodrigo Braga)
Eu sou filho do mar
Minha mãe é sereia
Odô Iyá Iemanjar
Olha a maré cheia
Odô Iyá  Iemanjar
Ô... já é lua cheia

Eu era menino tão pequenino nem sabia andar
Tal qual um rio vivia correndo pro rumo do mar
Não sei se é destino
Só sei que o penar
E toda desdita desta minha vida dissolve no mar

Eu sou filho do mar
Minha mãe é sereia
Odô Iyá  Iemanjar
Olha a maré cheia
Odô Iyá  Iemanjar
Ô... já é lua cheia

Não tem correnteza só tem a certeza que vai me levar
Perto da verdade longe da maldade que na terra há
Em um mundo mesquinho
Posso até envergar
Mas água não quebra e a terra que treme tá abaixo do mar

Eu sou filho do mar
Minha mãe é sereia
Odô Iyá  Iemanjar
Olha a maré cheia
Odô Iyá  Iemanjar
Ô... já é lua cheia
 * * *
"Iemanjá foi a invenção mais maravilhosa que já existiu" 
(Darcy Ribeiro)