Outrora eles habitavam as mãos do carteiro
Pouco antes de habitar a caixa de correios
Cartas sempre serão sinopses.
São sinopses da realidade
Antecipam o sentir a vida
Mesmo se realidade não for verdade
Sinopses do porvir de amor, surpresa ou despedida
Mas o que diriam os símbolos das falas?
A ansiedade se esvai ao manuseá-las
Contas, contas e mais contas
E desmorona mais um faz-de-conta
Não há lugar mais para bobos!
Nesse mundo veloz que nunca pisa no freio
Há águias devorando pássaro novo
Ninguém mais bota carta no correio
Correr para não se atrasar
O tempo é dinheiro!
Correr para manter a forma
Correr!
É o que faz o mundo inteiro
É preciso se atualizar
Não escrever cartas em folhas de caderno
Fazer jogging para relaxar
Habitar em fim o mundo moderno
Esquecer o correio e incorporar novos vícios
É hora de calçar o tênis para o exercício
E correr diariamente por entre edifícios.